sábado, 11 de janeiro de 2014

MUSEU DO PALHAÇO é inaugurado na Itália.

Está instalado em uma vila, que pertenceu a Adrien Wettach, famoso “clown” suíço, conhecido como “Grock”. Ivy Fernandes, de Roma No panorama artístico da Itália faltava um museu – o dedicado à arte da palhaçaria. Agora não falta mais. O “Museu do Clown” foi inaugurado em 20 de setembro, na cidade de Imperia, uma das mais bonitas regiões da costa italiana e que fica a 118 km de Genova e 56 km da fronteira da França. É o primeiro museu dedicado ao “clown” do mundo. Sede do 1º Museu do Clown, em Imperia, na costa italiana / Foto Divulgação O local escolhido para a instalação do museu foi uma vila construída no início de 1900 e que pertenceu a Adrien Wettach, “clown” (palhaço) suíço, conhecido pelo nome de “Grock”. Ele ficou famoso mundialmente e se tornou o palhaço mais rico do mundo. Em 2000, a Província de Imperia adquiriu a vila. Mas a restauração do local só começaria seis anos depois, em 2006, e custou 1 milhão de euros que foram pagos por meio de financiamento europeu. Era o começo do projeto do “Museo do Clown” na “Villa Grouk”, que ficou pronto, em setembro de 2013. “É um museu único no mundo e que conta a história do circo tendo como protagonista a figura do clown”, explica ao Panis & Circus, Alberto Belotti, assessor de Cultura de Imperia. Luigi Sappa, governador da Província de Imperia afirma que “nada igual a esse museu havia sido montado antes na Europa. Trata-se de um museu sem relíquias e, por meio de um processo interativo, permite ao público viajar ao fantástico mundo circense por meio de magias, truques e fantasia dos ‘clows’. O percurso é divertido e leve como o picadeiro do circo”. As crianças ganham atenção especial e podem tocar nos objetos, jogar e têm à disposição farto material instrutivo. Nos jardins que contornam a “Villa Grock”, as fontes são luminosas e ouve-se um eco de risadas conforme as águas mudam de cor. “Emoções” no caledoscópio Sala dos espelhos que formam uma espécie de caledoscópio / Foto Divulgação As salas do Museu dedicam-se a diferentes artes: cinema, música, magia e “clownerie” (palhaçaria). A chamada “Sala das Emoções” é uma das mais interessantes. As emoções do “clown” aparecem refletidas em uma parede em meio a cores, imagens e sons como uma espécie de caledoscópio. Mirò, Chagall, Picasso e seus palhaços Em outra sala, numa parede eletrônica, repleta de balões, são projetadas uma série de obras de artistas que foram influenciados pela arte circense. Aparecem telas de Joan Mirò e “A casa do circo”; Marc Chagall com “Great circus”, Renoir com “Le Clown”, Toulouse Lautrec com “La Clownesse Cha-u-kao au Moulin Rouge”. Picasso é outro dos artistas destacados e que tem várias obras dedicadas aos “clowns”. "Le Clown" (1868), de Pierre-Auguste Renoir / Divulgação "La Clownesse Cha-u-kao au Moulin Rouge" (1895), de Toulouse-Lautrec/ Divulgação "En Clown" (1909), de Pierre-Auguste Renoir / Divulgação "Le Gilles" (1717-1719) de Antoine Watteau / Divulgação Salão das Maravilhas Sala do Espelho Mágico: quem olha pode se ver com a fantasia de palhaço / Foto Divulgação Quando se entra no “Salão das Maravilhas” o espaço parece dilatar-se e as magias aparecem escondidas em armários secretos, que abrigam espelhos mágicos que dilatam e distorcem as imagens das pessoas que visitam a sala. De repente, uma porta é aberta e aparece um “clown” vestido de fantasma. Espelho que fala Sala dedicada à maquiagem do palhaço com espelhos; no centro foto de Grock / Foto Divulgação Um dos salões mais visitados é o dedicado à maquiagem que tem uma espécie de camarim em seu centro com espelhos interativos. Quem olha em um deles se vê maquiado como um palhaço. Em outro, escuta-se a voz de “Grock” que explica o significado da arte da maquiagem e como ela ajuda a compor um personagem. Esses espelhos refletem também as imagens do “clown blanc” (palhaço branco) e o “clown augusto” (palhaço augusto). O clown branco / Foto Divulgação O “clown blanc” é conhecido como o ”maître de la piste”, (mestre de cerimônias). Personagem sério e autoritário que aparece quase sempre vestido de branco com o rosto pintado também de branco: o clássico Pierrot. É o modelo de “clown” mais antigo. Por sua vez, o “clown augusto” tem o nariz vermelho, uma maquiagem exagerada, uma peruca vistosa e sapatos enormes . É alegre, por vezes, grotesco, e é vítima de imprevistos. O “clown augusto “ entrou, em cena, por volta de 1870. Roda em que se observa o rosto do palhaço / Foto Divulgação Fotogramas com lente de aumento Em uma outra sala, uma montagem de fotogramas mostra imagens de múltiplas expressões de um “clown” que vão da alegria à tristeza e vice-versa, passando por todas as nuances desses dois estados de espírito antagônicos. Essa seqüência é observada por meio de uma lente de aumento colocada na frente da roda da bicicleta que gira os fotogramas. Música para os ouvidos No salão da música, os visitantes podem ouvir várias composições ligadas ao mundo circense, algumas das quais compostas pelo próprio “Grock” que durante toda a vida se dedicou a tocar e estudar vários instrumentos musicais, entre eles, piano, acordeom, clarineta e violino. “O Circo”, de Chaplin e “Os Palhaços”, de Fellini No andar térreo do museu está a sala dedicada ao cinema em é possível assistir vários filmes como “O Circo”, de Chaplin, e “Os Palhaços” de Fellini. E mais, a exibição de breves documentários de famosos “clowns” como o que relata a carreira de David Larible, considerado o herdeiro de “Grock”. Outros contam a origem do circo e criam atmosfera de picadeiro por meio de efeitos multimídias. Uma pequena lona (chapiteau) onde se pode assistir aos vídeos de Grock / Foto Divulgação O “clown Grock” Grock e sua inseparável clarineta / Foto Divulgação Adrien Wettach, conhecido como Grockc, nasceu na Suíça, na cidadezinha de Reconvilier, em 1880. Seu pai era relojoeiro, e dedicava-se à música e acrobacia no tempo livre. Adrien cresceu nesse ambiente. Desde jovem queria seguir a carreira no mundo das artes e se uniu a um grupo de músicos ciganos e aprendeu a tocar 14 instrumentos. A paixão de Grock pela música o acompanhou durante sua vida e ele não se separava da clarineta. Afora a música, dedicou-se às artes circenses como malabarismo, acrobacia, contorcionismo e equilibrismo. Desenho do clown Grock / Foto Divulgação Ainda adolescente, apresentou-se, em 1903, ao lado do “clown” Brick (Marius Galante) e adotou o nome de “Grock”. Após uma turnê na Europa e nos Estados Unidos, chegou ao auge da carreira, em 1919, ano em que estreou no Olympia de Paris e foi aclamado como “o rei dos clowns”. Quadro dedicado a Grock / Foto Divulgação Grock é considerado um dos mais importantes “clows” do mundo e seu talento foi reconhecido até mesmo por Charles Chaplin. Ele criou, em 1950, um circo móvel e com ele fazia espetáculos em inúmeras cidades. Faleceu, em 1959, na cidade de Imperia, diante do mar azul, conforme seu desejo. Para a cidade onde viveu, ele deixou o patrimônio cultural que hoje pode ser admirado por todos: o “Museu do Clown”. Entrada da Villa Grock/ Foto Divulgação Serviço: Miniaturas de circo e roda gigante no Museu / Foto Divulgação O ”Museo del Clown” (Museu do Palhaço) localiza-se na cidade de Imperia, via Fanny Roncati Carli. No outono/inverno (que no Brasil é a época da primavera/verão) o museu vai estar aberto nos finais de semana das 8:30 às 15:30. Na primavera/verão (que aqui é o período do outuno/inverno) vai estar aberto durante toda a semana. O ingresso custa de 4 a 5,30 euros. Crianças até 6 anos não pagam.